05/11/08 - Giovana Girardi, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Por muito tempo, o discurso em defesa do meio ambiente tentava sensibilizar as pessoas pela importância que matas, rios e biodiversidade têm para toda a humanidade, seja no seqüestro de carbono, na regulação do clima, no fornecimento de água limpa e até mesmo na eventual possibilidade de se encontrar em plantas e animais a cura para as mais diversas doenças. O pensamento continua o mesmo, mas agora se percebeu que o apelo tem de ser mais pragmático. É necessário pagar para poder conservar. E também é possível lucrar com conservação. O tema é explorado por Michael Jenkins, ambientalista e presidente da ONG Forest Trends em entrevista concedida ao Estado.
Como é possível calcular o valor do ambiente?Acho que no momento é menos importante agora saber qual é o potencial valor do ambiente e mais demonstrar na prática o quanto as pessoas estão dispostas a pagar, seja sequestro de carbono, água limpa, biodiversidade de espécies.
E as pessoas estão convencidas de que é necessário pagar por isso?Sim. Infelizmente, sempre há uma relação entre uma crise que acaba com alguma coisa e pessoas querendo pagar por isso. A crise climática e a emissão de carbono estão colocando um preço real nesse desafio, reconhecendo o papel que a floresta desempenha no seqüestro e no armazenamento de carbono. O preço é estabelecido ali, mas só porque temos uma crise. O mesmo é verdade para água. Onde há estresse hídrico, pessoas estão mais propensas a investir naquela água. A escassez determina o valor.
Mesmo os países mais pobres?Sim. A Tanzânia, por exemplo, que é um dos países do sudeste da África com uma das maiores pressões por água, tem muito interesse em desenvolver programas para recompensar pessoas por proteger nascentes de água e a qualidade de água para a capital Dar es Salam - interessados em desenvolver programa que incentive os donos com nascen...