16/11/2016 - Equipe Target
Os riscos do trabalho dos profissionais da saúde
Uma pesquisa conduzida pela Fundacentro alertou para uma doença silenciosa e subjetiva: o sofrimento psíquico no exercício da profissão de enfermeiros. Em 2008, o Sindicato dos Enfermeiros do estado de SP firmou com a entidade, Protocolo de Intenções de Cooperação Técnica para levantar quais os problemas de saúde que afetavam enfermeiros de pronto socorro da rede pública e privada. Um dos principais pontos destacados pelo Sindicato eram as queixas constantes de seus associados, de assédio moral por parte de seus superiores e outras formas de violência ocupacional no desenvolvimento da atividade, além do assédio sexual de pacientes.
A metodologia para avaliar esses trabalhadores foi uma abordagem qualitativa, caracterizada pela diversidade de técnicas que tinham como função proporcionar especialmente a compreensão de afetos, sentimentos, vivências, emoções no ambiente de trabalho, identificadas a partir da realização de entrevistas individuais e em grupo, e observação do enfermeiro durante o exercício da atividade realizada em unidades de pronto socorro da cidade de São Paulo.
Trabalhadores desse ramo de atividade também estão expostos a acidentes com instrumentos perfurocortantes, luxações, contaminação biológica, problemas de pele, respiratório, nervoso, neurológico, entre outros. Além da responsabilidade em lidar com o cotidiano agitado dos prontos-socorros, os trabalhadores da enfermagem enfrentam diferentes demandas associadas aos horários de pico que podem variar de acordo com os meses do ano. A checagem dos equipamentos e materiais usados por esses profissionais também faz parte da responsabilidade e necessitam de orientação e supervisão do enfermeiro.
O ritmo acelerado, a falta de gestão, humilhações, perseguições, agressões verbais e em muitas vezes até físicas, levam o profissional ao isolamento e ao sofrimento mental e físico, que por sua vez se desdobram em sintomas e distúrbios característicos da violência laboral. Segundo o estudo, os profissionais de enfermagem representam 49% da mão de obra da saúde no país, sendo que, no Brasil, existem 104.484 enfermeiros e na Região Sudeste encontra-se a grande concentração de 56.610, seguida pelas regiões Nordeste – 20.609, Sul – 16.343, Norte – 5.564 e Centro Oeste – 5.358.
Na elaboração do índice de adequação dos enfermeiros por 1.000 habitantes, ou seja, o quantitativo da população que teoricamente deveria ser mantido por um enfermeiro, a média do Brasil é de 1,8 (mil) habitantes por enfermeiro e o índice para São Paulo é de 1,2 e quando comparado aos índices das outras regiões do Brasil, o de São Paulo é o menor, ou seja, o estado com maior contingente populacional do país, dotado do maior quadro de profissionais de enfermeiros do Brasil, tem, no entanto, o menor índice de adequação de enfermei...