20/07/2008
O comprador de um apartamento em um prédio baixo tem novos
parâmetros para assegurar seus direitos em caso de defeitos
construtivos. Uma norma recente da ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas) diz que os edifícios habitacionais de até
cinco pavimentos terão de estabelecer sua vida útil no momento
do projeto.
A NBR 15575 discrimina três níveis de construção: mínimo,
intermediário e superior. Para cada categoria, recomendações de
vida útil diferentes são determinadas. O ideal é que a
estrutura tenha durabilidade mínima de 40 anos. O comprador
tinha, até hoje, uma garantia obrigatória de cinco anos da
construtora, assegurada pelo Código Civil.
Embora ela continue válida, a norma especifica o tempo de
garantia para diversos itens, como revestimentos de paredes,
estruturas e pisos. Esse tempo varia de um a cinco anos, de
acordo com o componente. O construtor responderá por defeitos
estruturais, como rachaduras ou defeitos em encanamentos, desde
que não sejam por mau uso ou falta de manutenção. O usuário
deve ficar atento ao manual do proprietário, que indica prazos
de manutenção do imóvel.
A norma aumentará ainda a rastreabilidade do problema ao
facilitar a descoberta dos responsáveis pela deficiência -- se
foi falha de produto, de execução da obra ou de projeto.
Publicada em maio deste ano, ela entra em vigor apenas em 2010,
mas seus parâmetros devem trazer mudanças imediatas no setor da
construção. Regras de materiais e de instalação já existiam
para as construtoras, com base em normas específicas da ABNT.
A nova norma as reúne ou remete a outras já existentes e dita
critérios quantitativos --como os de isolamento acústico-- para
medir a qualidade da edificação como um todo, com exceção da
rede elétrica.
"A normalização no Brasil costuma ser prescritiva, essa norma é
baseada no conceito de desempenho", afirma Carlos Borges,
coordenador da comissão responsável da ABNT.
Projeto reconhecido
A expectativa é que a norma aumente a importância do projeto na
obra. "É o projeto que confere qualidade ao edifício", crava
José Bernasconi, presidente do Sinaenco (sindicato de
arquitetura e engenharia). Clóvis Bueno, gerente nacional de
padrões e normas técnicas da Caixa Econômica Federal, diz que
ainda há uma cultura de construção semi-artesanal e uma
deficiência nos materiais utilizados. "Daí a necessidade de
requisitos mínimos."
Para o especialista em estruturas José Elias Laier, da USP
(Universidade de São Paulo), a maior fragilidade dos edifícios
tem relação com o acabamento.
"Problemas estruturais não são tão comuns. As construtoras
reduzem os gastos com o acabamento, o que diminui a qualidade
dos prédios", avalia.
Com o prazo de dois anos para que o mercado se prepare para o
atendimento à norma, sindicatos do setor construtivo, como o
Secovi-SP, começam a planejar cursos para divulgação e
esclarecimento das regras.
FONTE:
Folha de S.Paulo